quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Oficina de Revisão Ortográfica

De 22 a 24 de agosto de 2011, aconteceu na Aldeia Moygu uma “Oficina de Revisão Ortográfica”, na qual foram discutidos pontos discordantes e/ou duvidosos sobre a ortografia que estava sendo empregada pela comunidade.

Alunos da "Oficina de Revisão Ortográfica"
Um dos problemas apontados diz respeito à utilização do grafema <p> para representar tanto a consoante oclusiva bilabial surda /p/, em palavras como [pa.ra.’pi] ‘borboleta’, quanto a fricativa bilabial sonora /β/, que pode se realizar foneticamente como [p] ou [f], como em [βu.’ron ~ pu.’ron ~ fu.’ron] ‘sapo’.
Após uma extensa discussão entre os participantes da oficina e alguns idosos convidados, a decisão tomada foi de que:
- a letra <p> será usada apenas para registrar a consoante oclusiva bilabial surda; e
- a letra <f> será adicionada à ortografia para representar a consoante fricativa bilabial sonora.

Prof. Maiua Ikpeng

Prof. Matare Ikpeng

Prof. Pomerquenpo Txicão
Outra questão apresentada dizia respeito à grafia de algumas palavras que possuem o som [b] – como ‘iblï’ (eu banhei) e ‘ibrï’ (flecha dele) – uma vez que a letra <b> não faz parte do alfabeto Ikpeng.
Foi esclarecido aos participantes que o som [b] é um alofone do fonema /p/, que se sonoriza diante das consoantes líquidas /r/ e /l/. Diante disso, os participantes decidiram que palavras como essas serão escritas com a letra <p>: ‘iplï’ e ‘iprï’.

Mate Ikpeng

Outra dúvida apontada foi sobre a divisão silábica de algumas palavras com “ng”, “pl” e “pr”.
O problema quanto ao “ng” é que algumas pessoas deixavam-nas em sílabas separadas, a exemplo do que fazem em português. No entanto, foi explicado que o “ng” em Ikpeng trata-se de um dígrafo que representa o fonema nasal velar /ŋ/e que, portanto, não deve ser separado silabicamente. Após a análise de vários exemplos, ficou decidido que palavras como ‘manga’ (leite), que antes eram divididas silabicamente como: ‘man-ga’, agora passarão a ser separadas da seguinte maneira: ‘mang-a’.

Prof. Korotowï Ikpeng

            O problema referente a “pl” e “pr” era o oposto do apontado anteriormente. Nesse caso, grande parte das pessoas estava juntando-os na mesma sílaba, quando na verdade, esses seguimentos pertencem a sílabas distintas, mas que se aglutinam no momento da fala.
            Para a resolução deste problema, foram levados em consideração os padrões silábicos da língua Ikpeng postulados por Emmerich (1972), que prevê os padrões: V, VC, CV e CVC, mas não CCV. Assim, ficou decidido que palavras que apresentarem encontros consonantais como “pl” e “pr”, a exemplo de ‘iblï’ (eu banhei) e ‘ibrï’ (flecha dele), deverão manter tais consoantes em sílabas separadas (como: ‘ip-lï’ e ‘ip-rï’; e não: i-plï e i-prï), obedecendo os padrões silábicos previstos para a língua. 

Alunos da "Oficina de Revisão ortográfica"

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